A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) vai realizar a sua 13.ª Reunião Anual no Centro de Conferências de Tróia, entre os dias 13 e 15 de outubro. A presidente desta reunião, Rita Calé Theotónio, levantou a ponta do véu deste que é o “encontro major da Cardiologia de Intervenção nacional”.
Relativamente aos temas que irão ser debatidos, revelou que serão celebrados os “30 anos do acesso radial e dos 20 anos da implantação de válvulas aórticas percutâneas (TAVI)”, entre muitos outros.
Quais os principais temas que irão estar em destaque na 13.ª Reunião Anual da APIC?
Rita Calé Theotónio (RCT) – A reunião Anual da APIC é o encontro major da Cardiologia de Intervenção nacional. A crescente diferenciação e complexidade dos procedimentos que são realizados todos os dias nos laboratórios de hemodinâmica em todo o país, só tem sido possível porque existe uma preocupação dos Centros e das Sociedades Científicas na formação das equipas e na atualização dos conhecimentos dos profissionais que as integram. Por outro lado, a experiência coletiva que se adquire neste tipo de reuniões é ímpar e fundamental para o progresso da Cardiologia de Intervenção nacional. Não posso deixar de mencionar que acompanhar toda a inovação tecnológica presente nesta área da Cardiologia também só é possível com o apoio dos nossos parceiros da indústria. Mas voltando à pergunta e aos destaques da reunião APIC22, este ano teremos em destaque a comemoração dos 30 anos do acesso radial e dos 20 anos da implantação de válvulas aórticas percutâneas (TAVI). Mas para além destes temas de comemoração iremos ter muitas outras mesas redondas e discussão de casos gravados em formato live in a box.
Aquando da escolha dos temas, qual a principal preocupação?
RCT – A nossa preocupação foi em primeiro lugar, dar cobertura a todas as diferentes áreas de trabalho da intervenção cardiovascular que vão desde a angioplastia coronária, a integração da imagem e da fisiologia coronária, a intervenção estrutural valvular e não valvular. E dentro da intervenção estrutural valvular, não deixar nenhuma válvula de fora. Procurei, em conjunto com a comissão científica, comissão organizadora e com a ajuda dos Grupos de Estudo da APIC, trazer temas que levantam questões do nosso dia a dia nos laboratórios de hemodinâmica. Trazer temas que representam novidades e inovações tecnológicas em diferentes áreas da Cardiologia de Intervenção. E ainda trazer temas mais relacionados com a organização e com a qualidade, onde poderemos discutir pontos sensíveis que têm preocupado a comunidade de Cardiologia de Intervenção no país, e os desafios para o futuro.
Uma vez mais, esta reunião será em Troia. Porquê a escolha deste local?
RCT – É verdade, Tróia tem sido um local muito frequentemente escolhido para realizar a nossa reunião anual… talvez porque se ajusta à sua dimensão. Na verdade, procurámos outros espaços em diferentes regiões do país porque queríamos deslocar a reunião um pouco mais para o Centro/Norte do país, mas foi difícil encontrar outro local que ofereça as condições de Tróia: a sua localização convida ao afastamento das nossas rotinas de forma a proporcionar um salutar convívio inter-pares. E obviamente que não posso deixar de referir que o custo e a logística que Tróia proporciona também pesaram na decisão.
Irão existir cursos pré-congresso. O que pode adiantar relativamente aos mesmos?
RCT – Vamos ter cursos pré-congresso muito interessantes. São normalmente um momento de aprendizagem privilegiado para os mais novos ou para quem está a querer iniciar ou ganhar experiência numa técnica de intervenção. Está pensado termos um curso na área da intervenção coronária complexa, um na área da imagem para planear e guiar intervenção estrutural não valvular e um curso de segurança e proteção radiológica. Este último será uma nova versão do curso que realizámos na APIC21. Resolvemos reeditá-lo porque o tema da radiação não pode cair no esquecimento. Todos os jovens cardiologistas, quer venham ou não a trabalhar na área da hemodinâmica, têm de adquirir conhecimento real sobre o tema, já que a radiação é invisível, mas não inofensiva. E é também um curso que interessa aos profissionais da carreira não médica que integram as nossas equipas nos nossos laboratórios.
Este ano a reunião será inteiramente presencial. Acredita que é uma melhor forma de troca de conhecimento entre todos?
RCT – Estou na verdade muito satisfeita por podermos voltar ao inteiramente presencial porque significa que dimensionámos a reunião para um maior número de participantes, comparativamente com a reunião anterior que foi híbrida. Na verdade, para que possamos cumprir um dos objetivos da nossa reunião anual que é a partilha de experiências entre centros e entre profissionais nas suas diferentes categorias, nada substitui a proximidade que uma reunião presencial possibilita. Para este tipo de interação, a comunicação verbal e a não verbal importam. O que não significa que as reuniões remotas tenham perdido utilidade… não, pelo contrário. O virtual continua a ser essencial e já não nos podemos desligar dessa evolução tecnológica. Isso vai permitir, por exemplo, termos alguns convidados internacionais de renome que, graças ao virtual, vão conseguir participar e elevar a reunião com o seu conhecimento científico e experiência.
Irão estar presentes vários convidados internacionais. Pode destacar algum?
RCT – Como é habitual iremos ter presentes representantes das nossas Sociedades congéneres Brasileira (SBHCI), Espanhola (SHCI) e Italiana (GISE). Pretendemos renovar e fortalecer as relações que já existem entre estas sociedades e a APIC. Mas iremos ter muitas outras surpresas… que iremos revelar nas nossas plataformas digitais ao longo do próximo mês.
A 13.ª Reunião Anual da APIC é dedicada a todos os profissionais da área. No caso dos jovens cardiologistas, quais as vantagens em estarem presentes?
RCT – A formação e a integração dos jovens na área da Cardiologia de Intervenção são essenciais. Eles vão ser o pilar da Cardiologia nos próximos anos. Quer venham ou não a diferenciar-se na área da hemodinâmica, necessitam de ter um contacto próximo com todas as técnicas da Cardiologia de Intervenção para que possam ter uma voz ativa na decisão clínica dos doentes que vão orientar. Irão ainda ter a oportunidade de apresentar casos clínicos de Intervenção, representando os próprios centros que integram, e de se candidatar ao prémio Jovem Cardiologista de Intervenção que será a edição digital do PCR-EAPCI Textbook com a duração de três anos.

