«O RNCI é um pilar essencial para o desenvolvimento da Cardiologia de Intervenção em Portugal» – Entrevista a Pedro Jerónimo de Sousa

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Pedro Jerónimo de Sousa é o novo Coordenador do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI), em Portugal. Em entrevista, o especialista em cardiologia de intervenção, explica qual é a importância do RNCI e quais são os principais objetivos propostos para o futuro.

 

Assumiu, recentemente, o cargo de coordenador do RNCI. O que o levou a abraçar este desafio?

Pedro Jerónimo de Sousa (PJS) – Já estou próximo do registo há alguns anos. Desde a formação específica e subsequente formação em Cardiologia de Intervenção que mantenho uma atividade regular no registo local. Posteriormente continuei a colaboração como membro da Comissão Científica durante o biénio transato. A confiança que a atual direção da APIC e o coordenador anterior me demonstraram com o endereço deste convite, motivou-me para continuar este caminho e aceitar a coordenação.

Na sua opinião, qual a importância do RNCI, no que respeita ao desenvolvimento da Cardiologia de Intervenção Portuguesa?

PJS – O RNCI é um pilar essencial para a valorização e desenvolvimento da Cardiologia de Intervenção em Portugal. Tal como em qualquer área de trabalho ou conhecimento, apenas podemos melhorar o que conseguimos monitorizar. Assim, um registo como o RNCI, é a base para garantir informação global da atividade em Cardiologia de Intervenção em Portugal, projetando posteriormente o seu desenvolvimento.

O registo tem vindo a ser restruturado, tem crescido e desenvolvido ao longo dos últimos anos. Como é que avalia esta evolução?

PJS – O crescimento do RNCI tem sido realizado de forma muito paulatina, mas mantida. O equilíbrio entre um registo que se quer completo sem ser uma ferramenta demasiado pesada que prejudique a atividade quotidiana foi muito bem conseguido pela coordenação, comissão científica e grupos de trabalho anteriores. O desenvolvimento de novos campos em formato de módulos (Ex: TAVIs, CTOs) espelha bem esta evolução. Temos um registo que é completo e equilibrado.

Como novo coordenador do RNCI, quais os objetivos a que se propõe?

PJS – Em sintonia com a atual Direção da APIC desenvolvemos uma “carta de intenções” que lista os principais objetivos a concretizar durante este biénio. Destes saliento a participação do RNCI no projeto EuroHeart. Este é um registo em Cardiologia de Intervenção a nível europeu.

Seremos um dos poucos países que integram este projeto desde o início, o que demonstra um reconhecimento externo da qualidade do RNCI. Adicionalmente saliento a intenção de ver uma participação mais regular e uma comunicação mais rápida com os elementos de cada centro que no seu dia a dia de trabalho são a base do RNCI. Para este efeito contamos incluir na estrutura orgânica do RNCI a figura de “delegado”, elementos locais em cada centro que trabalhem com o registo a nível local.

Quais considera que poderão ser os seus maiores desafios?

PJS – Prevejo que o maior desafio poderá ser uma limitação da disponibilidade dos elementos que compõem a estrutura orgânica do RNCI. Muito do trabalho que desenvolvemos é realizado de forma não remunerada, fora do horário de trabalho. Fazemo-lo com a satisfação de participar num projeto maior que nós, o que é muito gratificante.

O que é que os números do registo nos indicam?

PJS – Os números do RNCI respondem-nos às perguntas que lhes colocarmos. Por exemplo, quantificam-nos a diminuição em 6% do número de angioplastias, em 2020 (face a 2019). Ao mesmo tempo dizem-nos que o número de TAVIs implantadas aumentou 6% de 2019 para 2020.

Até ao momento já foram apresentados mais de 40 trabalhos em reuniões científicas nacionais e internacionais e publicados mais de 10 artigos em revistas científicas, com base no RNCI e por iniciativa dos investigadores.
Temos uma ferramenta que nos permite obter informação global a nível nacional relevante na Cardiologia de Intervenção.

Projetos futuros?

PJS – Continuar a contribuir para o desenvolvimento e atualização do RNCI, procurando concretizar o que foi delineado em sintonia com a direção da APIC.