O novo capítulo da Cardiologia de Intervenção no Hospital de Faro

Dr. Hugo Vinhas Programa de Intervencao Estrutural scaled

O Hospital de Faro apresenta, desde março de 2022, um programa de intervenção estrutural que pretende combater a desigualdade de acesso a tratamentos e deslocações desnecessárias à capital do país.

Como tal, o cardiologista Hugo Vinhas desvendou esta inovação nos serviços de saúde da região, alegando que marca “um novo capítulo na Cardiologia de Intervenção no Algarve” e que contribui para o desenvolvimento das competências dos profissionais da área e para a atratividade a novos recursos humanos.

Até à data, refere que a equipa, constituída por médicos, técnicos e enfermeiros, já procedeu ao encerramento de foramen ovale patent (FOP) e ao encerramento de apêndices auriculares. No que diz respeito às práticas do programa, estas foram estruturadas tendo como objetivos primários servir a população com um nível de excelência, e salvaguardando sempre essa premissa, começar a preparar procedimentos, na área estrutural de maior complexidade, para um futuro próximo.

 

Qual a importância de dar início a um programa de intervenção estrutural na área de influência do Hospital de Faro?

Hugo Vinhas (HV) – A principal razão prende-se com uma questão de equidade, dado que os doentes da zona de influência do Hospital de Faro, que no campo da Cardiologia constitui a população de todo o Algarve, tem direito de acesso aos mesmos tratamentos que no restante país, sem necessidade de se deslocar para Lisboa. Por outro lado, o início da atividade na área da intervenção estrutural abre um novo capítulo na Cardiologia de Intervenção no Algarve, aumentando as nossas competências e assim atrair no futuro recursos humanos.

Quando se iniciou o programa?

HV – O programa teve início em março de 2022, e já se procedeu ao encerramento de foramen ovale patent (FOP) e ao encerramento de apêndices auriculares.

Que passos foram necessários para chegar até aqui?

HV – Várias etapas foram necessárias para iniciar o programa. Em primeiro lugar, conhecer as necessidades da população, mediante uma colaboração fundamental com o serviço de neurologia, dado que essa especialidade constitui a principal referência de doentes com FOP. Em segundo lugar, dar a conhecer essas necessidades à administração do hospital. Foi igualmente essencial a colaboração com o serviço de anestesia para o apoio durante os procedimentos. Finalmente, a colaboração da indústria de dispositivos que permitiu o apoio necessário para a presença de um proctor nos primeiros casos.

Quais são os principais objetivos do programa?

HV – O grande e principal objetivo é servir a população com um nível de excelência, e salvaguardando sempre essa premissa, começar a preparar procedimentos, na área estrutural de maior complexidade, para um futuro próximo.

E os principais desafios?

HV – Vários desafios são esperados, a começar pelas questões orçamentais. Novas técnicas implicam novos investimentos e todos conhecemos o subfinanciamento crónico neste hospital… outro desafio prende-se com a necessidade de uma nova sala de angiografia para dar resposta mais condigna na área da doença coronária. Um terceiro e essencial ponto que já deveria estar salvaguardado há muitos anos prende-se com a necessidade de criar um serviço de cirurgia cardiotorácica no Hospital de Faro. De facto, o centro cirúrgico mais próximo está a 300kms de distância, em Lisboa, existem três hospitais públicos com cirurgia cardíaca.

Quem constitui a equipa e como se prepararam para este importante passo?

HV – A equipa é constituída pelos médicos, técnicos e enfermeiros da Unidade de Cardiologia de Intervenção.

Quais os projetos futuros relacionados com o laboratório de hemodinâmica de que é responsável?

HV – Os projetos futuros são ampliar as nossas competências na área da intervenção estrutural e reduzir a lista de espera dos doentes para cateterismo cardíaco. Ambas com vista a dar a resposta digna, necessária e com qualidade à população do Algarve. Ambas dependerão da capacidade do hospital em mostrar aos decisores políticos as necessidades da nossa população e os investimentos necessários em termos de equipamentos e recursos humanos.

 

Entrevista com Dr. Hugo Vinhas

Responsável da Unidade de Hemodinâmica do Hospital de Faro