
“Intravascular Lithotripsy for calcified lesions” é o tema do próximo D@CL, que se irá realizar no dia 21 junho, no Centro Hospitalar de Setúbal. O responsável de Hemodinâmica de Setúbal, Ricardo Santos, revelou que a doença coronária tem um impacto grande em termos de morbilidade e mortalidade, atualmente, daí a necessidade de serem desenvolvidos equipamentos específicos para lidar com este problema. Explicou a importância do tema que será tratado, e enumerou as vantagens e desafios desta nova tecnologia. Desvendou, ainda, os planos futuros desta Unidade de Hemodinâmica.
O tema deste D@CL é “Intravascular Lithotripsy for calcified lesions”. Qual a relevância do tema?
Ricardo Santos (RS) – A doença coronária tem um enorme impacto em termos de morbilidade e mortalidade nas sociedades atuais, e Portugal não é uma exceção. A calcificação ao nível das artérias coronárias é um problema cada vez mais prevalente e que limita de forma muito significativa as opções terapêuticas, complicando de forma importante os procedimentos de angioplastia coronária e impactando negativamente os seus resultados imediatos, bem como a médio e longo prazo, constituindo assim um dos grandes desafios da Cardiologia de Intervenção contemporânea. Têm sido desenvolvidos ao longo dos anos equipamentos especificamente desenhados para lidar com este problema, continuando-se a obter frequentemente resultados sub-ótimos. A calcificação coronária continua assim, a ser um tema extremamente atual e que suscita o maior interesse da comunidade profissional. A litotripsia intravascular é uma tecnologia que visa otimizar a angioplastia em lesões calcificadas e consiste na utilização de um balão específico munido de uns emissores que produzem ondas de choque, as quais têm a capacidade de quebrar os tecidos calcificados sem causar dano aos demais tecidos, permitindo uma correta expansão do balão e/ou do stent utilizado(s) na angioplastia coronária subsequente, com a consequente otimização do resultado.
Esta é uma prática usada com frequência?
RS – Trata-se de uma tecnologia recente, que tem vindo a ganhar espaço crescente na Cardiologia de Intervenção, sustentada em estudos científicos randomizados com resultados francamente positivos, muito promissores, em termos de eficácia e segurança.
Quais as vantagens e desafios?
RS – As principais vantagens são a sua utilização ser relativamente simples e a grande segurança dos procedimentos, documentada nos estudos. O principal desafio será a correta seleção de pacientes e a possibilidade de lhes proporcionar esta técnica de forma eficaz e segura, eventualmente evitando algumas opções cirúrgicas.
A quem se destina?
RS – Esta técnica é destinada essencialmente aos doentes com doença coronária com calcificação significativa, particularmente os que apresentam alguns critérios de gravidade que fazem pressupor, à partida, uma probabilidade de resultados inadequados sem o recurso a esta técnica.
Vão ser apresentados três casos. O que pode revelar acerca dos mesmos?
RS – Trata-se de três pacientes previamente submetidos a angioplastia de outros vasos e que apresentam doença coronária grave de outra artéria, com calcificação importante e critérios para a utilização desta técnica, com a expectativa de obtenção de excelentes resultados.
No final deste D@CL, o que é que os participantes devem ter retirado?
RS – Ambiciona-se que todos os participantes fiquem com um maior conhecimento teórico e vivência prática que lhes permitam abordar este tipo de doentes e de patologia, de acordo com as indicações e em segurança.
Quais os objetivos e projetos futuros da Unidade de Hemodinâmica do Centro Hospitalar de Setúbal?
RS – O Laboratório de Hemodinâmica e Intervenção Coronária do Centro Hospitalar de Setúbal iniciou a sua atividade em 31/5/1999, tendo vindo a crescer em número de procedimentos e diferenciação, tornando-se um dos laboratórios mais movimentados no panorama nacional, no tocante ao tratamento da doença coronária. Atualmente, encontra-se em estudo a possibilidade de melhoria das instalações por forma a crescer e servir mais adequadamente a população e a poder iniciar atividade em outras áreas da Cardiologia de Intervenção.